Nota Histórico-Artistica: |
𝗖𝗼𝗻𝗷𝘂𝗻𝘁𝗼:
Localizada a Sul da Freguesia de Benquerenças, a Aldeia da Azinheira é constituída por um pequeno casario de dimensões reduzidas, a maioria em ruínas, de um ou dois pisos, predominando a construção em xisto. Os imóveis distribuem-se ao longo de dois caminhos que se cruzam no sentido Norte e Este-Oeste. A paisagem em redor da aldeia compõe-se, essencialmente, de pinheiros, azinheiras, vidoeiros, oliveiras e azevinhos. É também notável, neste caso, a relação estreita que a arquitetura mantém com o meio natural, principal responsável pelo fornecimento de matéria-prima que serviu na construção dos edifícios, fazendo com que por vezes estes se confundam com a própria paisagem.
Na Aldeia da Azinheira as casas adaptaram-se não só ao parcelamento das propriedades, como às condições orográficas e à qualidade dos terrenos, deixando livres os caminhos comuns, alguns quintais e pequenos "eidos", pertencentes às habitações.
Os materiais usados nas coberturas são a telha de canudo, as lajes de xisto e o colmo, sendo que o xisto foi também utilizado na construção de muros e nas paredes das habitações. Na elaboração das paredes foram igualmente usados calhaus rolados que surgem intercalados com blocos de xisto dispostos na horizontal, sendo que estes eram depois argamassados com barro vermelho recolhido no local. Nos cunhais, vergas e ombreiras, empregaram-se blocos de xisto de maiores dimensões, verificando-se que os panos de peito correspondem a lajes postas ao alto.
As fachadas ostentam geralmente uma porta de acesso e uma, ou mais janelas. Em redor dos vãos observa-se o cuidado em aplicar reboco e pintura a cal. No entanto, existem alguns edifícios que, apesar do mau estado de conservação, demonstram que foram integralmente rebocados, sendo possível que este processo correspondesse a uma fase mais tardia da vivência desta aldeia, garantindo assim uma melhor proteção contra o frio logo, uma melhor qualidade de vida.
Nos interiores de algumas habitações, geralmente com pouca luminosidade, destacava-se a sala comum com recanto para a zona da lareira onde se cozinhava no chão. O facto de, em grande parte das casas, não existir chaminé, resultava no enegrecimento geral das paredes existentes nesses espaços. O quarto de dormir, ou alcova, era de reduzidas dimensões servindo para alojar várias pessoas como aliás era hábito na maioria das aldeias de Portugal, pelo menos até meados do século XX. A Aldeia da Azinheira, como tantas outras da zona da Beira Baixa, foi marcada por uma vida com grande sentido de comunidade restando ainda vestígios de elementos muito importantes para a subsistência da população que outrora aqui viveu como o poço, a fonte e o forno.
Maria Ramalho/DGPC/2017 com a colaboração de João Santos/CMCBranco.
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=23124264) |