Nota Histórico-Artistica: |
As origens do Convento de Nossa Senhora da Boa Esperança remontam ao século XII, quando Gil Álvares Cabral e a sua mulher Maria Gil Cabral instituíram em Belmonte, entre 1240 e 1260, uma capela e um eremitério. O convento viria a ser fundado em 12 de Novembro de 1563 por Jorge Cabral, capitão de Baçaim e governador da Índia, destinando-se a albergar os Frades Menores de São Francisco da cidade da Covilhã, sendo a igreja reedificada nesta época. Em 1585, depois de reunido o Capítulo Provincial da Ordem, eram aprovados os estatutos que permitiam aos religiosos habitar o espaço conventual em Belmonte. Ao longo do século XVII o convento sofreu algumas modificações na sua estrutura, e em 1712 foram edificados os altares colaterais dedicados a Santa Luzia e a São João. No ano de 1718 o convento tornou-se cabeça da Ordem Terceira. As memórias paroquiais feitas em 1758 referem a ausência de padroeiro do convento, que na época tinha três dormitórios com 15 celas, hospedaria e oficinas. De entre os seus objectos de culto destacava-se a imagem de Nossa Senhora da Esperança, a qual, segundo a tradição, teria sido trazida da Índia por Pedro Álvares Cabral.
Em 1834, com a promulgação do decreto de Extinção das Ordens Religiosas, o Convento de Nossa Senhora da Boa Esperança foi vendido em hasta pública, sendo adquirido por José Homem de Figueiredo, desembargador da Relação do Porto e progenitor do 1.º Conde de Caria; os seus objectos de culto ficariam integrados em diversas igrejas do concelho. Nos anos 90 do século XX foi elaborado o primeiro projecto de adaptação do convento a estalagem, que viria a ser alterado. Entre 1999 e 2001 o espaço conventual de Nossa Senhora de Belmonte seria transformado em pousada.
O Convento de Nossa Senhora da Boa Esperança é composto pela igreja e por dependências conventuais. A igreja tem planta longitudinal simples de nave única, capela-mor de dimensões mais reduzidas em relação ao corpo da igreja e antiga sacristia adossada do lado da Epístola. A fachada principal é rasgada por portal em arco de volta perfeita com duas arquivoltas, a interior biselada e a exterior boleada e decorada por esferas, assentes em colunelos, encimado por duas mísulas e um óculo circular. O conjunto é rematado por empena. A fachada lateral esquerda é rasgada por duas janelas, uma das quais tem gravada a data "1702". A outra fachada lateral possui três portas, duas de moldura recta, a outra em arco abatido, possuindo no registo superior o vão de acesso ao coro alto e uma janela no volume da capela-mor; possui ainda três janelas de moldura recta. A fachada posterior é rematada em empena cega, rasgada por uma janela ao nível do corpo mais recuado da sacristia.
O interior do convento foi completamente alterado para as funções hoteleiras que desempenha actualmente. No edifício da igreja, transformado em bar e sala de estar da pousada, as paredes foram rebocadas e pintadas, excepto a parede da cabeceira do edifício, que se manteve em alvenaria de granito, e o arco triunfal, com a estrutura original em volta perfeita e pedra de fecho em forma de losango. O coro alto, de madeira, possui falsa balaustrada e duas portas laterais de moldura recta. No espaço exterior junto à igreja situam-se as dependências conventuais, destacando-se o claustro, de planta rectangular, com o registo inferior assente em pilares angulares, constituídos por núcleo central quadrangular e colunas adossadas, com capitéis simples. Anexa à ala sul do claustro está uma antiga dependência de planta rectangular irregular e dois pisos, rasgados por vão de moldura recta, com escada de acesso ao piso superior. A actual sala de jantar possui janelas com conversadeiras.
Catarina Oliveira
IPPAR/2005
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73258) |