Nota Histórico-Artistica: |
A Capela de Santa Catarina de Alpedrinha é conhecida também como Capela do Leão devido à sua proximidade da fonte com o mesmo nome, situada defronte do templo. Foi instituída cerca de 1501 por D. Martinho da Costa, arcebispo de Lisboa, irmão de D. Jorge da Costa, cardeal português que viveu em Roma nas cortes papais de Alexandre VI e Júlio II, conhecido como Cardeal de Alpedrinha. A execução do desejo testamentário de D. Martinho da Costa de construir uma capela na sua terra de origem caberia ao seu sobrinho Cristóvão da Costa, cónego da Sé de Lisboa. A edificação da capela estaria concluída ainda na primeira metade do século XVI, uma vez que Cristóvão da Costa morreu em 1562 e foi já sepultado no seu interior. Apesar de se desconhecer a sua autoria, a traça do portal é inequivocamente inspirada na tipologia dos portais traçados por Nicolau de Chanterene, de que é exemplo a porta do ante-coro do Mosteiro de Santa Maria de Celas, em Coimbra.
O edifício da Capela do Leão possui planta rectangular, correspondente à nave, justaposta à capela-mor de planta quadrada, à qual está adossada a sacristia, também rectangular. A fachada principal da capela apresenta-nos um portal em arco de volta perfeita inserido num alfiz, ladeado por colunas caneladas com capitéis ornamentados com cabeças aladas e motivos vegetalistas. No extradorso do arco foram colocados dois medalhões com os bustos de São Pedro e São Paulo. O entablamento do portal é encimado por um frontão que ostenta as armas dos Costa, ladeado por duas urnas. A rematar o conjunto, assente num pedestal decorado com florões e encimada por um baldaquino em forma de concha, foi colocada a imagem de Santa Catarina. A fachada é rematada em empena com cornija e possui uma sineira do lado direito do edifício. O alçado posterior é rematado por uma cachorrada.
O interior é de nave única, revestida por azulejos enxaquetados verdes e brancos, integrando no pavimento duas lápides tumulares, antecedida por coro-alto de madeira. O arco abatido que dá acesso à capela-mor é ladeado por pilastras estriadas, cujos capitéis estão decorados com cabeças aladas, e rematado por entablamento. A capela-mor é coberta por abóbada polinervada decorada com bocetes pintados representado florões e um símbolo solar, com um fecho que apresenta a pedra de armas dos Costa e uma roda, símbolo do martírio de Santa Catarina. Do lado do Evangelho foi aberta a porta de acesso à sacristia, com arco conopial inserido no lintel. A capela-mor conserva ainda os suportes parietais do antigo retábulo, executado na primeira metade do século XVI, com tábuas de grande qualidade dispostas em três registos: o primeiro com representações da vida da padroeira da capela, nomeadamente Santa Catarina falando aos Doutores,Santa Catarina em êxtase,Degolação de Santa Catarina; o segundo com representações de São Pedro e São Paulo,Assunção da Virgem, São Jerónimo; o último com temas da vida de Cristo, Cristo no Horto, Calvário,Ressureição. O espaço da capela-mor encontra-se fechado por um gradeamento de ferro. Na nave, do lado da Epístola, foi colocada a pia baptismal.
Catarina Oliveira
GIF/IPPAR/ 30 de Setembro de 2003
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=74938) |
Diploma de Classificação: |
Decreto n.º 38 147, DG, I Série, n.º 4, de 5-01-1951 (esclareceu que a classificação abrange todo o recheio da capela e em especial os quadros que constituem o retábulo) || Decreto n.º 32 973, DG, I Série n.º 175, de 18-08-1943 (classificou a Capela do Leão e fonte monumental, da época de D. João V) |