Nota Histórico-Artistica: |
A Barragem da Lameira terá sido construída entre o intervalo de tempo que ocorre entre o século II a.C. e o século II d.C., quando a exploração de minério atingiu a sua máxima importância. Sendo escassos os vestígios arqueológicos romanos na área circundante, foi, por analogia com estruturas semelhantes, que se procedeu à sua datação.
Localizando-se na Ribeira do Ribeirão, afluente do Rio Tejo, situa-se junto à estrada que liga as povoações de Perais e Alfrívida (EM 553) a cerca de 3 Km da primeira. Com uma extensão de 380 metros, de orientação Este/ Oeste, a Sudoeste de Castelo Branco, esta barragem romana de terra é considerada uma das mais notáveis obras do distrito, logo seguida da de Egitânia, em Idanha-a-Velha, a Nordeste de Castelo Branco. O seu volume de aterro é de 16.000 m3, enquanto o de Egitânia é de 12.000 m3, tendo de altura respetivamente 8 e 11m. Quanto à capacidade de volume da albufeira, temos respetivamente 840.000 m3 e 180.000 m3.
A barragem da Lameira apresenta um traçado diferente de todas as outras barragens romanas do citado distrito de Castelo Branco, todas retilíneas. Com traçado poligonal desenhado em três troços, a sua estrutura tem “um estrangulamento numa linha de água (Ribeirão) por meio de um enorme aterro em terra” que se caracteriza pelo uso de matriz/ base argilo-arenosa, com blocos de xistos e grauvaques mal rolados e mal calibrados.
No extremo Noroeste, possui uma zona de descarga para o excesso de água. Exibe ainda um enorme rombo na área central, o qual, na década de 70 do século XX, por iniciativa camarária, foi acrescido de uma parede de betão, para que aumentasse a capacidade de retenção e captação de água para distribuição domiciliária a Perais.
No seu passado, hipoteticamente, terá servido de estrutura de apoio à atividade mineira da época romana e talvez posterior (dada a informação de uso, ainda na década de 70, que consta do parágrafo anterior).
Referências bibliográficas nomeiam-na como património arqueológico – nomeadamente o PDM no sítio nº 165 e o Portal do Arqueólogo em NS nº 6395 - e como uma das obras monumentais do concelho. É ainda largamente descrita na revista Conímbriga, nº XXXIV, do Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, datada de 1995, no artigo “Barragens Romanas do distrito de Castelo Branco e barragem de Alferrarede”.
Esta estrutura da época romana reúne interesses científicos não só na área da arqueologia, como também da engenharia hidráulica, arquitetura e paisagem. |