Nota Histórico-Artistica: |
Construção oitocentista que pertenceu aos Condes da Borralha, este amplo solar com capela anexa foi, no final do século XX, transformado em Hotel - Hotel Palácio de Águeda. Trata-se de uma edificação de grande impacto, de carácter neoclássico, mas que recorre à utilização de elementos neo-góticos e neo-medievais.
A propriedade encontra-se hoje bem mais reduzida do que originalmente, mas inclui ainda um amplo jardim com diferentes espécies centenárias, lagos com passadiços, uma gruta artificial, tanques de desenho recortado, entre outros, que reforçam o cariz romântico do conjunto. O muro que a separa da via pública é aberto pelo portão principal, de composição neoclássica, onde se exibe o brasão esquartelado dos Leitões, Pintos, Caldeiras, e Carvalhos e, à direita, a indicação de que a casa foi edificada em 1843 por Francisco Caldeira Leitão Pinto e sua mulher Ignez de Vera Giraldes Mello e Bourbon . O outro portão, a Sul, sugere uma entrada medieval, com vão em ogiva ladeado por torreões de secção circular com cobertura de telha.
Se no portão a data de 1843 ajuda a balizar a campanha de obras oitocentista, os outros anos que se encontram inscritos sobre a porta de entrada - 1854 - e no silhar de azulejos do interior - 1905 - confirmam o prolongamento dos trabalhos pelo menos até ao início do século XX. Sobre a construção que aqui existia desde o século XVI pouco ou nada se conhece, a não ser que havia sido mandada fazer por Simão Fernandes de Carvalho (fidalgo da casa Real) e que dela foram aproveitados os alicerces (Cf. Processo de Classificação, IPPAR/DRC).
A fachada principal, de três pisos, divide-se em cinco panos, com os das extremidades e o central mais destacados e a terminar em frontão triangular. Os intermédios são rematados por mansardas (aumentadas já no século XX). É mais elevado o pano central, rasgado por janelas de sacada e onde se exibe, no último registo, a pedra de armas da família, ao que tudo indica, reaproveitada da construção anterior (Cf. Processo de Classificação, IPPAR/DRC). Os vãos, simétricos, terminam em frontão triangular. No interior, adaptado a hotel, conserva-se com maior integridade o piso térreo, onde funcionava a recepção. Um arco de cantaria introduz a escadaria de acesso aos pisos superiores, exibindo um rodapé de azulejos de figuração historicista, executados em 1905 por Miguel Costa na fábrica J. A. Santos, de Coimbra. No primeiro piso, mantêm-se as paredes das salas forradas com tecidos ou almofadadas destacando-se a que contém o fogão revestido a madeira e o escudo dos proprietários esculpido na chaminé. Os últimos andares são ocupados pelos quartos.
À esquerda, a capela neo-medieval, é marcada pela abertura de janelas em ogiva destacando-se a torre prismática rematada por coruchéu. Nada resta, actualmente, do seu recheio artístico.
Para além do seu valor patrimonial, a Casa da Borralha merece ainda especial referência por ter sido palco de reuniões culturais e políticas, aqui tendo nascido o deputado e governador civil de Aveiro, que também foi poeta, Fernando Caldeira (1839-1894).
(RC)
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=72238) |