Nota Histórico-Artistica: |
Desenvolvida em comprimento, como era comum na arquitectura civil de Setecentos, a Casa de Santo António apresenta dois pisos, e fachada dividida por pilastras, que definem três corpos distintos - casa, portão aberto para pátio e capela -, nos quais se concentra toda a decoração.
O interior, ainda que muito modificado, deixa adivinhar uma grande depuração, que testemunha a sobriedade do estilo de vida da época (AZEVEDO, 1969, pp. 70-71).
O corpo habitacional é ritmado pela abertura de portas de verga recta no piso térreo, que se prolongam nas janelas do andar nobre, onde as de sacada alternam com outras de avental decorado por lonsangos. Uma cornija remata cada um destes vãos, ligando-se, por sua vez, à própria cornija que percorre todo o edifício.
O portão, de verga recta, é flanqueado por pilastras, e rematado por entablamento coroado por pináculos e aletas a ladear o escudo liso, ao centro.
Por fim, o corpo correspondente à capela, destaca-se pelo frontão triangular que se eleva bem acima da linha do telhado, com um pináculo do lado esquerdo e uma sineira, também com pináculos, do lado oposto. Esta, coroa um último corpo do edifício, definido por pilastras. O portal principal é encimado por um nicho enquadrado por aletas, elementos também visíveis no remate das janelas inferiores. Já as janelas do coro, de configuração diferenciada, podem ter sido abertas posteriormente (FERREIRA, 1999, p. 16).
No interior da casa, conservam-se, apenas, alguns elementos originais, como o tecto de masseira da antiga Sala de Jantar, ou um armário de granito, igualmente setecentista. Na capela, o altar-mor, de talha dourada e polícromada, remonta a segunda metade do século XVIII, tal como os dois colaterais, ou a sanefa do púlpito. Da mesma época são, muito possivelmente, as colunas com pias de água benta, que suportam o coro alto, e as pinturas do interior do arco cruzeiro, alusivas a São João Baptista (IDEM, pp. 14-22).
Integrando, originalmente, uma ampla quinta, a Casa de Santo António foi mandada construir a expensas do capitão João Ferreira da Cruz, na década de 30 do século XVIII (IDEM, p. 13). A capela deverá ter sido concluída apenas em meados do século, como indica o ano de 1750 inscrito no portal principal, e como é corroborado pelo equipamento decorativo do interior.
Tendo pertencido a diversas famílias, entre os quais os Castro e Lemos, foi, mais tarde, ocupada por uma fábrica de camisas, que aí se mantinha nos anos 80 do século XX.
A sua imponência destaca-se no conjunto habitacional mais modesto de Albergaria-a-Velha, ganhando especial relevância juntamente com um outro imóvel do final do século XVIII, com a denominada casa da fonte, também da segunda metade desta centúria, e o imóvel que pertenceu à família Teles de Araújo e Albuquerque, do século XIX (GONÇALVES, 1959).
(Rosário Carvalho)
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=72098) |