Nota Histórico-Artistica: |
𝗜𝗺𝗼́𝘃𝗲𝗹
A Vila Francelina está integrada numa quinta, com o mesmo topónimo, localizada na aldeia de Frossos, concelho de Albergaria-a-Velha. O imóvel, uma moradia unifamiliar, foi construído entre os últimos anos do século XIX e o final da primeira década do século XX.
A casa, implantada num socalco superior da propriedade, desenvolve-se numa planta retangular dividida em três andares com entrada voltada a oeste, estando circundada por um espaço de exploração agrícola e uma área florestal. Da propriedade fazem parte duas garagens, uma eira com alpendre, os antigos anexos agrícolas e de resguardo de animais, bem como uma mina de água e um poço para abastecimento da habitação e rega dos campos, respetivamente.
A fachada principal da Vila é precedida por escadas e pátio, apresentando-se marcada por três panos, o do centro ligeiramente destacado. No andar térreo rasga-se a porta de entrada, retangular, ladeada por duas janelas. No piso intermédio abre-se no espaço central uma janela tripartida por colunelos, que no meio forma um balcão com guarda de ferro, sob o qual foi colocado um friso de azulejos Arte Nova polícromos com motivos florais. Esta composição é também ladeada por duas janelas, a da direita decorada inferiormente por um painel azulejar com o nome da habitação, VILA FRANCELINA. O último pavimento, que corresponde ao sótão, exibe janela com varanda de ferro e balcão de pedra, assente sobre cachorros. As fachadas laterais e posterior são marcadas pela abertura de janelas, dispostas a espaços regulares.
O interior da casa exibe um interessante programa decorativo, composto sobretudo por pinturas murais, distribuídas pelos espaços de lazer, como o átrio, as salas de visitas e de jantar, representando paisagens (algumas onde se reconhecem povoações portuguesas, como a Murtosa e Leiria) enquadradas por motivos vegetalistas e zoomórficos. Os pisos são maioritariamente pavimentados com mosaico hidráulico, havendo espaços nobres assoalhados com composições de madeira. Os espaços de serviço, como a cozinha, mantêm o mobiliário e os azulejos originais.
𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮
Edificada entre 1897 e 1905, a Vila Francelina é um exemplar de moradia apalaçada mandada construir por um brasileiro de torna-viagem, Joaquim Nunes Sequeira, natural de Frossos, industrial da panificação que havia estado emigrado no Brasil durante alguns anos.
O imóvel é um exemplar da arquitetura eclética da região de Aveiro, juntando uma estrutura de chalet a um programa decorativo onde se integram elementos classicistas, como o balcão da fachada, claramente neo-renascentista, e motivos ornamentais Arte Nova, de que são exemplo os azulejos que adornam também o frontispício, executados na Fábrica Aleluia de Aveiro, e as pinturas do interior.
A autoria do projeto é atribuída a Ernesto Korrodi, em parceria com Francisco da Silva Rocha, justificada pela amizade do proprietário com o primeiro e pelas semelhanças da Vila Francelina com obras como o Restaurante Ferro e a Casa Pompeu Osório, da autoria do segundo (Oliveira: 2011, p. 50). No entanto, esta autoria carece de confirmação documental.
Atualmente, e depois de ter sido objeto de obras de recuperação e adaptação, que procuraram manter a traça original e os elementos Arte Nova que caracterizam o imóvel, a Vila Francelina integra uma unidade de turismo rural. O imóvel foi classificado como de interesse municipal em 2011.
Catarina Oliveira
DGPC, 2017
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=14057879. Imagem captada em abril 2024 @Google) |