Mosteiro de Jesus, compreendendo o túmulo de Santa Joana

Designação
Designação: Mosteiro de Jesus, compreendendo o túmulo de Santa Joana
Localização
Distrito: Aveiro
Concelho: Aveiro
Freguesia: Glória e Vera Cruz
Morada: Avenida Santa Joana Princesa
Georreferenciação: Latitude: 40.639582 / Longitude: -8.651100
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica: O actual Museu de Aveiro foi, nas suas origens, um convento dominicano, fundado em 1458 por D. Brites Leitoa, a quem se juntou, dois anos mais tarde, D. Mécia Pereira, cujos bens permitiram alargar o edifício original e edificar a igreja. A primeira pedra do novo templo foi lançada em 15 de Janeiro de 1462 por D. Afonso V, cujo nome haveria de ficar ligado a este convento através da sua filha, a Princesa Santa Joana, que aqui entrou a 4 de Agosto de 1472, permanecendo até à sua morte, ocorrida em 12 de Maio de 1490. Um edifício com cerca de quatro séculos de existência reflecte, naturalmente, as diferentes campanhas de obras de que foi objecto, motivadas não apenas pela necessidade de reforma e alargamento dos espaços, mas também pela importância da actualização estética e litúrgica. Por esta razão, grande parte das dependências que hoje conhecemos são produto das intervenções proto-barrocas e barrocas, responsáveis pelos revestimentos de talha e azulejo, bem como pela não concluída remodelação da fachada. O edifício não estava ainda concluído quando as primeiras religiosas tomaram o hábito, em Dezembro de 1464. Mas logo em 1482-1525 e 1525-1534, períodos em que o convento foi governado pelas abadessas D. Maria de Ataíde e D. Isabel de Castro, ocorreram ampliações, cujo alcance não é possível hoje estabelecer com exactidão. Conservam-se, no entanto, diversos elementos que nos ajudam a perceber a diversidade das obras e parte do seu alcance. Assim, os portais da igreja e do refeitório denotam uma linguagem manuelina, enquanto que o claustro aponta para soluções renascentistas, de que a tribuna da leitora, no refeitório, é também um exemplo. Já a capela-mor e os arcos das capelas do claustro revelam características maneiristas, enquanto os revestimentos de talha e azulejo, bem como a fachada principal são já de época barroca. Esta última, da segunda metade do século XVIII, alterou profundamente a depuração que caracterizava o edifício, conferindo-lhe um aspecto apalaçado. Entre os diversos espaços do convento, ganham especial relevância a igreja, o coro baixo e a Sala de Lavor, onde faleceu Santa Joana. Esta última, foi remodelada em 1734, sendo então revestida por talha dourada e pinturas, encontrando-se ainda aqui um pequeno altar em memória da Princesa. A igreja, renovada em 1592, foi totalmente revestida por talha e azulejos, a partir do final do século XVII, integrando-se nas denominadas "igrejas forradas a ouro". Contudo, também a talha não foi aplicada numa única campanha, encontrando-se os exemplos mais antigos, da segunda metade do século XVII, no tecto da nave (em caixotões) e na zona superior das paredes, tendo sido executados pelo entalhador portuense Domingos Lopes (PEREIRA, 1995, p. 108). O arco cruzeiro e os retábulos laterais são da transição do século XVII para o XVIII. Da fase seguinte, a partir de 1715, é a talha da capela-mor, executada por António Gomes, que reveste o tecto (em painéis circulares, também com pinturas) e as paredes. O retábulo é da mesma época, convergindo para a criação do espaço forrado a ouro que, no caso desta capela-mor, se aproxima de uma gruta, de grande intimismo (PEREIRA, 1995, p. 108). Os azulejos representam passos da vida da Princesa e são atribuídos ao mestre P.M.P. O coro-baixo assume especial significado por acolher o túmulo de Santa Joana, executado pelo arquitecto régio João Antunes, em embutidos marmóreos, reflectindo um gosto italianizante e erudito então muito apreciado. É considerado o segundo exemplo tumular que corta com a tradição maneirista, contribuindo para o processo de dramatização do espaço/monumento funerário português (XAVIER, 2001, p. 94). De facto, na mesma época, e em consequência da beatificação da Princesa, o coro-baixo foi remodelado, utilizando-se para tal a mesma técnica dos embutidos marmóreos nas paredes do coro, a talha dourada e o azulejo. O Museu encontra-se instalado neste espaço desde 1911. (Rosário Carvalho) (Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=71149)
Proteção
Situação: Classificado como MN - Monumento Nacional
Diploma de Classificação: Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910
Diploma Zona Especial de Proteção (ZEP): Portaria de 28-04-1961, publicada no DG, II Série, n.º 108, de 6-05-1961 (com ZNA)