Igreja da Misericórdia de Aveiro, incluindo as salas do despacho e anexos

Designação
Designação: Igreja da Misericórdia de Aveiro, incluindo as salas do despacho e anexos
Localização
Distrito: Aveiro
Concelho: Aveiro
Freguesia: Glória e Vera Cruz
Morada: Rua de Coimbra, 27
Georreferenciação: Latitude: 40.640673 / Longitude: -8.653287
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica: Embora não esteja documentada a data exacta da fundação da irmandade da Misericórdia de Aveiro, esta é atribuída por tradição ao ano de 1498, logo após a fundação da Misericórdia de Lisboa. Sabe-se que em 1502 a irmandade funcionava em pleno, uma vez que na época foram feitas doações à mesma, para além de os irmãos terem recebido uma carta de privilégios dada por D. Manuel nesse ano. A primitiva sede da irmandade funcionava na Capela de Santo Ildefonso, junto à igreja paroquial de São Miguel, tornando-se no entanto evidente a reduzida funcionalidade da mesma para servir as obras de assistência da Misericórdia numa vila com uma intensa vida comercial e marítima, ligada ao Atlântico e às colónias ultramarinas. Ao longo do século XVI a irmandade intentou esforços para patrocinar a construção de uma igreja própria, bem como de um hospital, e em 1585 D. Filipe I concedeu à irmandade aveirense os mesmos privilégios de que usufruía a Misericórdia de Coimbra. A obra de edificação do templo iniciou-se em 1600, sendo contratado para a execução da traça o mestre Gregório Lourenço (RUÃO, Carlos, 1996, p. 267). A primeira pedra da igreja era lançada ainda nesse ano, e como Gregório Lourenço estava encarregue de outras edificações, nomeadamente na cidade do Porto, em 1601 indicou o mestre Francisco João, seu irmão, para supervisionar a fábrica de obras. No ano de 1608 a Casa do Despacho estava já concluída, e o corpo do templo encontrava-se edificado, faltando executar o pórtico principal e o espaço da capela-mor. Em 1615 o hospital ficava concluído. No entanto, a fábrica de obras foi sendo interrompida por falta de apoios financeiros, e a capela-mor só viria a ser concluída entre 1650 e 1655, durante a provedoria de D. Raimundo de Lencastre, Duque de Aveiro, sob a direcção do mestre Manuel Azenha. Somente em 1669 a Capela de Santo Ildefonso deixou de ser utilizada pela irmandade, pelo que se depreende que nesta data a estrutura do templo da Misericórdia estava concluída. A Igreja da Misericórdia de Aveiro é um templo de estrutura maneirista, que obedece a duas influências distintas. A primeira, ao nível da planimetria, é nitidamente tridentina, apresentando um templo que se desenvolve longitudinalmente, com uma capela-mor profunda, muito semelhante à igreja do mosteiro de Moreira da Maia, onde o mestre Gregório Lourenço também trabalhou. Por outro lado, o programa decorativo apresenta um singular gosto italo-flamengo, utilizando módulos da tratadística italiana, elementos de inspiração vredemaniana e rollwerk. Na estrutura da fachada, revestida por azulejos em 1876, destaca-se o portal, tratado como um grande retábulo e "cravado na fachada", ao gosto arquitectónico de inspiração flamenga que na época predominava no Noroeste português. Destaca-se ainda o registo superior do portal, onde foi utilizado um modelo coríntio "que não se encontra em nenhum tratado ou estampa da época, e que poderá ser invenção (...)" de Gregório Lourenço (Idem,ibidem, p. 270). O arco triunfal, que foi edificado como que emoldurando a entrada da capela-mor, tal como havia já sido feito em Grijó e Moreira da Maia, apresenta um sistema de sobreposição de ordens (idem, ibidem). O retábulo-mor, de talha maneirista, apresenta uma estreita relação ao nível estrutural com o portal da fachada principal. Para além das semelhanças estruturais e decorativas que a Misericórdia de Aveiro apresenta com os templos de São Salvador de Moreira da Maia, São Salvador de Grijó e o colégio jesuíta de São Lourenço do Porto (Idem,ibidem), a traça deste templo evidencia ainda a inspiração de Gregório Lourenço nas obras de outros mestres do Maneirismo português, como Jerónimo de Ruão e Manuel Luís. Catarina Oliveira IPPAR/2005 (Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73441)
Proteção
Situação: Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Diploma de Classificação: Decreto n.º 735/74, DG, I Série, n.º 297, de 21-12-1974
Diploma Zona Especial de Proteção (ZEP):