Nota Histórico-Artistica: |
Situado numa das principais artérias de Aveiro, a Avenida Lourenço Peixinho, este conjunto de imóveis ilustra a evolução da arquitectura na cidade, entre o século XIX e o século XX, período em que se destacou, muito fortemente, a linguagem Arte Nova, verificando-se, mais tarde, a abertura a uma tendência geometrizante, própria da denominada Art Déco.
Assim, e se na Casa Paris dominam, ainda, as linhas curvas, estas articulam-se com um certo geometrismo que deixa antever o gosto rectilíneo que prevalece nas fachadas, quer na Pastelaria Avenida, quer na Ourivesaria Matias. Todos os edifícios se desenvolvem em dois andares e, mau grado as várias adaptações sofridas no piso térreo, foram conservadas as portas laterais originais.
A concepção da Casa Paris tem vindo a ser atribuída, ainda que com algumas reservas, ao arquitecto aveirense Francisco Augusto da Silva Rocha (1864-1957), responsável pelo projecto de vários imóveis Arte Nova na cidade. A possível autoria deste edifício resulta da sua aproximação a uma das casas desenhadas por este arquitecto, situada nos números 12 a 14 da Rua do Carmo. Na Casa Paris, verificamos como a estrutura, sóbria, recebe uma decoração cuidada, presente nas gradarias em ferro forjado, nas janelas de sacada, ou nas cantarias e aventais dos janelões, com motivos florais encimados por vasos bulbosos. Destacam-se as portas laterais, em cantaria, que parecem suportar os corpos salientes do andar superior (POLICARPO, Proc. de Classificação, IPPAR, 1998).
Contrastando fortemente com o edifício precedente, os restantes denotam uma decoração de cariz geométrico, de linhas rectas e sem muitos pormenores decorativos, características próprias da arquitectura Art Déco.
Na Pastelaria Avenida, a cornija é interrompida pelo corpo central, mais alto devido à existência de um sótão. Destaca-se, no primeiro piso, uma janela de sacada, com varanda de pedra, e gradaria de decoração geométrica.
Por fim, a Ourivesaria Matias exibe um corpo central, limitado por pilastras estriadas e salientes. A cornija é decorada com elementos geométricos em forma de V, tal como o gradeamento das janelas de sacada.
Todavia, e apesar de conservarem a sua estrutura, certo é que os três edifícios se encontram um pouco descaracterizados ao nível do rés-do-chão, devido às sucessivas adaptações a novas funções comerciais. Situação semelhante acontece no interior, com maior incidência no caso da Pastelaria Avenida.
(Rosário Carvalho)
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=3728092. Imagem captada em abril 2024 @Google) |