Nota Histórico-Artistica: |
𝗜𝗺𝗼́𝘃𝗲𝗹
Localizado junto do Quartel do Carmo, em Aveiro, a Casa n.º 3 e 5 da Rua de Sá foi edificada no início do século XX, sendo atribuída ao arquiteto Francisco Augusto da Silva Rocha, autor de vários outros projetos Arte Nova na cidade.
O edifício, de habitação plurifamiliar, desenvolve-se numa planta retangular dividida em dois pisos. A fachada principal apresenta uma série de elementos de grande interesse, de gramática geométrica e floral, executados em cantarias de calcário, azulejo e ferro, os materiais mais característicos dos programas decorativos da arquitetura deste período.
No primeiro registo, flanqueado por uma porta e uma janela a cada lado, destaca-se o óculo central preenchido por um vitral, cuja base integra uma caixa do correio. O pano murário em torno daquela abertura circular é revestido por azulejos verdes, tal como o friso de separação entre os andares.
O segundo piso é aberto por três janelas com moldura de motivos florais. A central, de sacada, assenta sobre mísulas decoradas por arabescos, constituindo a sua gradaria, de motivos geométricos, um dos mais interessantes motivos escultóricos do conjunto.
Um outro friso de azulejos, de padrão, separa o corpo da fachada e a mansarda que a coroa. No recorte destas águas-furtadas eleva-se uma janela encimada pela escultura de um busto feminino.
A unidade e profusa decoração deste alçado contrasta com a fachada lateral, muito descaracterizada em consequência de uma intervenção de adaptação do edifício a Centro Comunitário de Vera Cruz, função que conserva atualmente.
𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮
A Casa n.º 3 e 5 da Rua de Sá foi construída nos primeiros anos do século XX, atribuindo-se o seu projeto a Francisco Augusto da Silva Rocha. Embora careça de provas documentais, esta autoria assume-se pelo cotejo deste imóvel com outras obras de Silva Rocha em Aveiro, nomeadamente a Casa do Dr. Peixinho, a Casa da Rua Tenente Resende, e a própria habitação do arquiteto, na mesma Rua de Sá, n.º 12-14.
O imóvel insere-se no conjunto de edifícios Arte Nova que caracterizam singularmente a cidade de Aveiro e refletem o poder económico e social das elites locais, intrinsecamente ligadas ao crescimento da indústria e do comércio na região do Vouga entre os finais do século XIX e as primeiras décadas do século XX.
O edifício, inicialmente construído para servir de habitação, passou desde 1995 a albergar o Centro Comunitário da Vera-Cruz. Está classificado como de interesse municipal desde 2004.
Catarina Oliveira
DGPC, 2016
(com a colaboração do Museu da Cidade de Aveiro)
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=6873349) |