Nota Histórico-Artistica: |
𝗦𝗶́𝘁𝗶𝗼
O Campo Militar da Batalha do Buçaco distribui-se por uma extensa zona da Serra do Buçaco, repartida pelos concelhos de Mealhada, Mortágua e Penacova e integrando duas áreas, correspondentes a dois locais de combate distintos.
A primeira área corresponde ao Campo de Santo António do Cântaro, situado abaixo da cumeada da serra, que percorre o estradão da Portela da Oliveira até ao Carvalho, seguindo em direção a Santo António do Cântaro e prosseguindo, depois, para a Pendurada, de onde sobe ao Posto de Comando de Wellington, retornando ao estradão. Esta delimitação, que coincide com o local de confronto entre as divisões das Tropas Francesas comandadas por Merle e Heudelet e as divisões das Forças Aliadas chefiadas por Picton e Leith, abrange as ruínas do Posto de Comando do general Wellington, localizado na parte mais alta da serra e assinalado com uma placa evocativa, e o Posto de Comando do general Leith, um moinho situado no topo da serrania adaptado a posto de comando e vigia, que permitiu a defesa do flanco sudeste daquela.
A segunda área equivale ao Campo de Moura/Sula, abrangendo a povoação de Moura, que foi cercada pelo VI Corpo do Exército Francês, a povoação de Sula, posteriormente atravessada por aquele, e estende-se até à Porta de Sula da cerca do Convento do Buçaco, prolongando-se à Capela das Almas, onde está atualmente sediado o Museu Militar. Esta demarcação, correspondente ao local de confronto entre as tropas napoleónicas chefiadas por Loison e Marchand e as tropas luso-britânicas dirigidas por Crauford e Spencer, abrange os moinhos de Moura, onde se albergou o posto de comando do Marechal Massena, e de Sula, localizado sobre o vale de Mortágua onde se sediou o posto de comando do General Craufurd, que liderou as topas defensoras do flanco norte da serra, integrando também o Obelisco comemorativo da batalha erigido em 1873, e a Capela da Vitória, originalmente das Almas, que serviu de enfermaria de campanha às tropas da batalha.
𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮
Ocorrida a 27 de Setembro de 1810, a Batalha do Buçaco foi um conflito entre as tropas francesas e os exércitos anglo-lusos durante a Terceira Invasão Francesa, no decorrer da Guerra Peninsular.
Depois de terem invadido Portugal por duas vezes, em 1807 e 1809, sem conseguirem conquistar o território, os exércitos napoleónicos voltaram a acometer as fronteiras portuguesas uma terceira vez, no verão de 1810, comandados pelo Marechal Massena. As tropas francesas, que queriam ocupar o país e expulsar as forças britânicas da Península Ibérica, que então auxiliavam na defesa contra os invasores, entraram em Almeida em Julho de 1810, depois de terem tomado Ciudad Rodrigo. Por seu turno, no âmbito do plano de defesa da península, as tropas aliadas comandadas pelo General Wellesley, Duque de Wellington, e compostas por soldados ingleses e portugueses, tinham já iniciado a construção das Linhas de Torres, cujo objetivo era a defesa da cidade de Lisboa, destino final dos franceses.
Interrompendo a marcha dos franceses para Coimbra, Wellington decidiu confrontar as tropas de Massena no Buçaco, onde ocupava uma excelente posição defensiva. No dia 27 de Setembro, os exércitos enfrentaram-se naquela que foi a maior e mais sangrenta batalha travada em Portugal durante a guerra. Dividindo a sua posição defensiva em dois núcleos - o do Campo de Santo António do Cântaro e o do Campo de Moura/Sula - o exército aliado derrotou com estrondoso sucesso o ataque frontal das tropas francesas, que cometeram vários erros táticos no terreno e perderam um número significativo de soldados e comandantes.
A Batalha do Buçaco foi fundamental no contexto da guerra, marcando o início da derrota e enfraquecimento do exército invasor e o sequente fim da Guerra Peninsular, e permitindo que as tropas aliadas ganhassem tempo para terminar o sistema defensivo de Lisboa, pelo que se tornou um modelo de tática defensiva militar.
Catarina Oliveira
DGPC, 2017
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=22680211) |