Nota Histórico-Artistica: |
𝗜𝗺𝗼́𝘃𝗲𝗹
Fundada em 1721, a Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso localiza-se no centro da freguesia de Válega, adossada a uma casa de habitação, de feição rural, possivelmente edificada em finais do século XVII, que apresenta a mesma denominação.
Os dois edifícios dispõem-se em planta retangular, com o templo edificado no extremo direito. A fachada da capela ostenta pano único, rasgado ao centro por portal principal com frontão curvo interrompido, ladeado por duas janelas retangulares com verga em arco canopial. O corpo é rematado por frontão triangular, integrando cartela, com pináculos laterais e cruzeiro no topo. No interior destaca-se o teto de madeira em caixotões e o retábulo de talha dourada e polícroma, com imagem da padroeira ao centro.
A casa do Bom Sucesso, de piso único, apresenta fachada com disposição simétrica das aberturas, localizando-se o portal de moldura reta ao centro, ladeado por duas janelas retangulares com bandeira a cada um dos lados. O interior da habitação foi profundamente transformado quando esta foi adaptada a Casa do Povo cerca de 1981.
Registe-se ainda que originalmente o templo e a casa tinham comunicação pelo interior.
𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮
Considerada a casa mais importante de Válega, a Casa do Bom Sucesso terá sido edificada nos anos finais do século XVII, embora não se conheçam quaisquer informações fidedignas sobre esta fundação.
No ano de 1721 o capitão João Vaz Correia instituiu a Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, conforme atesta uma lápide inscrita na parede lateral direita do seu interior (Oliveira: 1981, p. 83). No pavimento encontramos três lápides, uma das quais do próprio fundador, João Vaz Correia, datada de 1728, e outras duas de Mariana de Jesus, de 1730, e Ana Maria Soares de Almeida, de 1742. Desconhece-se a identidade das duas senhoras aqui sepultadas, mas seriam certamente familiares do primeiro proprietário. Aliás, reza a tradição que a capela foi edificada com o objectivo de impedir a sua filha de sair de casa, confinando-a a um regime de clausura de grande rigor, comunicando com a capela através de uma janela do lado do Evangelho (Ibidem, p. 85).
Com a extinção desta família, a casa e a capela conheceram outros proprietários. Em 1981 a habitação foi transformada em Casa do Povo, com projeto de adaptação do arquiteto Januário Godinho. Em anos mais recentes, o espaço passou a albergar o Museu Etnográfico local. A capela mantém-se inalterada.
Catarina Oliveira
DGPC, 2016 (com a colaboração da CM Ovar)
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=71610) |