Nota Histórico-Artistica: |
Tal como sucedia nos demais territórios dominados pelo Império romano, a rede viária formada durante a Antiguidade ao longo das actuais fronteiras físicas portuguesas integrava todo um sistema de (a)firmação política (ao mesmo tempo que económica) traçado pelo novo poder, fundindo-se com a própria estratégia de ordenamento territorial. Fazia, assim, parte da implementação de uma política administrativa assente em duas traves mestras cruciais para a sua cimentação: por um lado, na definição de unidades político-administrativas e, por outro, no traçado de vias que assegurasse a ligação contínua entre os principais centros populacionais, ao mesmo tempo que a sua renovação, face às exigências assomadas com o desenrolar dos acontecimentos registados em Roma.
O primeiro destes dois vectores fundamentou-se na definição territorial de civitates, as costumadas unidades político-administrativas romanas, e que, em termos de extensão, se aproximariam aos actuais distritos (e não tanto aos concelhos), com a respectiva cidade capital, à qual se subordinavam outras unidades urbanas, assim como a correspondente população rural.
Uma estrutura desta envergadura impunha a concepção de um sistema viário bem arquitectado, por ser indispensável circulação de bens e pessoas, nomeadamente das entidades às quais era cometida a manutenção da ordem nos territórios conquistados. E, "Ainda que certas vias tenham seguido anteriores caminhos pré-romanos, mesmo que muitas delas não tenham sido pavimentadas e que as pontes construídas sobre os rios tenham sido, por vezes, de madeira ou de barcas, o investimento feito na instalação da rede viária deve ter sido considerável." (Id., 1990, p. 373).
O "Troço de Via romana no lugar de Ereira" foi construído com pedras de dimensões assinaláveis dispostas em cunha, por forma a evitar o seu desmoronamento, para além de terem sido de igual modo escavadas no próprio afloramento rochoso, aproveitando pontualmente a morfologia do terreno. O troço inseria-se na via que estabelecia, durante a Antiguidade, e na zona de Cabeço do Vouga, a ligação entre Viseu e a estrada que unia Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga), um dos eixos fundamentais da administração romana do actual solo português.
[AMartins]
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73810) |