Nota Histórico-Artistica: |
A povoação de Figueiró dos Vinhos foi fundada em 1204 por D. Pedro Afonso, filho natural de D. Afonso Henriques, passando a partir de então a ser sede de concelho. Expandindo-se progressivamente ao longo das centúrias seguintes, a vila conheceu um crescimento económico e populacional ao longo do século XVI. No entanto, embora a povoação se desenvolvesse, era notória nos finais de Quinhentos a inexistência de uma casa de religiosos dentro dos limites da localidade.
Assim, no ano de 1597 D. Pedro de Alcáçova, senhor de Figueiró e Pedrogão, juntamente com Frei António de Évora, decidiram fundar um convento de Carmelitas Descalços em Figueiró. O processo de instituição foi concluído no ano seguinte, e as obras do edifício seriam iniciadas em 1601.
O conjunto do Convento de Nossa Senhora do Carmo é composto pela igreja e pelas dependências conventuais, que incluem o claustro de planta quadrangular. O templo obedece ao protótipo das igrejas conventuais dos Carmelitas Descalços, que seguem o modelo desenhado por Francisco de Mora para a igreja do Convento dos Remédios de Évora, repetido posteriormente "(...) no Colégio dos Marianos de Coimbra e nos conventos da mesma ordem espalhados pelo País (...)" (CORREIA, José Eduardo Horta, 1986, p. 126).
A igreja, de planta em cruz latina abobadada, apresenta uma fachada rectangular de linhas austeras encimada por frontão triangular ladeado por pináculos. No piso inferior da fachada é aberta uma galilé, formada por três arcos, sendo o central mais elevado. Este conjunto é encimado por um janelão, e no caso do templo de Figueiró dos Vinhos, foi aberto um nicho que albergava a imagem de Nossa Senhora do Carmo.
No espaço interior destacam-se os retábulos de talha dourada setecentista, colocados no altar-mor e nos colaterais, bem como os azulejos de padrão azuis e amarelos que revestem as paredes laterais do templo, de manufactura seiscentista.
Depois da extinção das Ordens Religiosas, o edifício principal e a igreja do Convento do Carmo foram doados à Misericórdia da vila, enquanto o restante espaço, incluindo o claustro, foram vendidos a um particular. O espaço anexo ao templo foi usado, a partir de 1882, para a instalação do Hospital da Misericórdia, que aí funcionou até meados do século XX.
Catarina Oliveira
GIF/ IPPAR/ 2005
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=74923) |