Nota Histórico-Artistica: |
A presente classificação inclui a ermida da Senhora do Fétal, de grande devoção e romaria, e a capelinha da Memória, situada nas imediações. São muito escassas as informações conhecidas sobre esta capela de reduzidas dimensões, cuja arquitectura denota uma depuração extrema, destacando-se apenas os azulejos que revestem o seu interior. De planta rectangular, a capelinha da Memória é aberta por uma porta na fachada Sul, e o interior é coberto por abóbada de berço, com paredes revestidas por azulejos de padrão, azuis e brancos. O altar é formado por um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Consolação. O padrão azulejar, da segunda metade do século XVII, é um dos poucos elementos que ajuda a datar a capela, muito possivelmente uma construção seiscentista.
A ermida de Nossa Senhora do Fétal , apesar de conservar uma grande depuração arquitectónica, é bem mais imponente, destacando-se também pelo adro murado que a envolve, do lado oposto ao cemitério.
De acordo com a inscrição que existia no interior da ermida, esta foi edificada em 1585, com as esmolas dos fiéis. Não sabemos se houve uma campanha de obras posterior, mas a campanha decorativa que ainda hoje conhecemos remonta ao final do século XVII e inícios da centúria seguinte.
A fachada principal, delimitada por pilastras nos cunhais, e terminando em empena, apresenta, ao centro, o portal principal, de linhas rectas, que se liga ao janelão superior de verga ligeiramente abaulada. A sineira ergue-se do lado do Evangelho. A fachada lateral esquerda é aberta por uma varanda alpendrada com pilares toscanos, onde se encontra a porta lateral e a casa das promessas.
No interior, ganha especial interesse o vasto conjunto de azulejos de padrão, que reveste a nave até à sanca. Azuis e brancos, remontam, com certeza, ao final do século XVII. Sobre o arco triunfal, um painel figurativo representando a aparição de Nossa Senhora do Fétal a uma pastora, é já do início do século XX, e foi executado por Roque Gameiro. Os retábulos colaterais, de talha dourada, são originários da Sé de Leiria, e foram aqui aplicados em 1794. A capela-mor é revestida por azulejos de figura avulsa, em tons de azul, amarelo e branco, e coberta por cúpula semi-esférica. O altar-mor, em mármore de diversas tonalidades, com frontão contracurvado com o monograma da Virgem (AM) exibe, na tribuna, a imagem seiscentista de Nossa Senhora do Fétal. É, muito possivelmente, uma obra de época mais avançada em relação ao restante interior, facto perceptível não apenas nas formas concheadas e movimentadas do retábulo, mas também pela sua própria adaptação ao espaço.
Muito embora o seu interior apresente uma série de elementos de interesse, a verdade é que a componente histórico-cultural se sobrepõe à vertente arquitectónica e artística, sendo a devoção e religiosidade popular que mais valorizam este templo (Isabel POLICARPO, Processo de Classificação, IPPAR/DRC, 1992).
(Rosário Carvalho)
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73174. Imagem captada em abril 2024 @Google) |