Nota Histórico-Artistica: |
A Anta de Mamaltar do Vale de Fachas, localiza-se no lugar homónimo, freguesia de Rio de Loba, concelho de Viseu. Situa-se a uma cota de 580 metros, na zona aplanada da Serra de Mundão, junto ao rio de Loba.
Integra-se numa necrópole conjuntamente com os monumentos de Vale de Fachas 2 e Vale Fachas 3.
Nas proximidades é conhecido outro núcleo megalítico, cerca de seiscentos metros a noroeste, constituído pelas quatro antas do Campo de Futebol. Quinhentos e oitenta metros a sudeste identificou-se mais um monumento coevo, designado Mamoa do Forninho. A bibliografia científica refere mais de uma dezena de monumentos registados na região que, eventualmente, poderiam fazer parte da mesma necrópole.
Este monumento funerário megalítico apresenta câmara e corredor bem diferenciados. A câmara poligonal alongada é delimitada por nove esteios de granito que chegavam a atingir os três metros de altura, alguns fraturados no topo e inclinados para o interior. Mede, no seu eixo maior, dois metros e quarenta e cinco centímetros e, no menor, um metros e setenta. Três esteios possuíam pinturas a vermelho e negro. As pinturas, muito desvanecidas, apenas permitem reconhecer vestígios de motivos circulares. A laje de cobertura está ausente. Dispunha de corredor tendencialmente trapezoidal, longo, com cerca de oito metros e sessenta e cinco centímetros, que alargava no acesso à câmara funerária. A sua altura média rondava o metro e meio, sendo que ia progressivamente diminuindo na direção da entrada. A galeria de acesso, orientada a sudoeste, ligeiramente descentrada do eixo de simetria da câmara, mantém preservados oito ortostátos do lado sul e nove do lado norte, dos originais dez de cada lado. Perduram atualmente três lajes de cobertura in situ, uma das quais com uma "covinha" insculpida. Dois esteios adossados estreitam a entrada da câmara. A mamoa edificada com pedras e terra, de morfologia circular, encontra-se bem conservada. Ostenta cerca de dois metros e meio de altura e um diâmetro de doze metros. A existência de outras estruturas no exterior do monumento poderá indiciar a presença de um "átrio".
Do espólio exumado destacam-se um "ídolo-placa" com pinturas a vermelho e orifícios para suspensão, machados polidos, lâminas, pontas-de-seta, micrólitos, contas em xisto, fragmentos cerâmicos
História
A edificação da Anta de Mamaltar do Vale de Fachas baliza-se, entre o final do Neolítico e inícios do Calcolítico, na transição entre o 4º e o 3º milénio a.n.e..
A sua descoberta e divulgação deve-se a José Coelho e remonta a 1912. Apesar da atenção de diversos investigadores que resultaram em recolhas de espólio e no registo mais preciso do monumento, após os trabalhos de José Coelho não voltou a realizar-se uma escavação arqueológica.
Ana Vale
DGPC, 2021
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=69768. Foto: SIPA.00015839) |