Nota Histórico-Artistica: |
Os alicerces primitivos da Casa de São Miguel foram executados pelos frades capuchos do Mosteiro de São Francisco de Orgens cerca de 1633, que compraram o terreno a David Álvares, mestre de obras de Viseu.
Desde os finais do século XVI que a comunidade franciscana havia decidido transferir o convento de Orgens para Viseu, devido à ruína do complexo monacal que habitavam. Os frades acharam mais vantajosos despender o dinheiro das obras na construção de um novo mosteiro, mais perto da cidade de Viseu, em vez de mandarem reparar o velho cenóbio (ALVES, Alexandre, 2001).
Desta forma, em 1603 Frei Leonardo de Jesus, Padre Guardião do mosteiro, dirigiu um requerimento à Câmara de Viseu, visando a deslocação da comunidade. Em 1613 D. Filipe II acabaria por consentir na mudança da Casa do Mosteiro, sendo os religiosos obrigados a comprar o terreno onde haveriam de construir o novo complexo monacal (Idem, ibidem).
O primeiro local onde se fixaram foi São Miguel do Feital, no ano de 1633, onde deram início à construção de um edifício e de uma capela. Permaneceram no local até 1635, ano em que resolveram instalar-se nas casas da Quinta de Mançorim, vendendo a propriedade de São Miguel a João Mesquita Cardoso de Cáceres, que concluiu a edificação da casa.
A Casa de São Miguel, um palacete seiscentista de planta rectangular, apresenta um modelo modesto, de linhas austeras, que se desenvolve horizontalmente, de acordo com o gosto da época. O edifício, de grande simplicidade estrutural e decorativa, apresenta uma concepção regular que imprime simetria ao conjunto.
A fachada principal é marcada pela abertura de janelas a espaços regulares, dispostas apenas no registo superior, possuindo ao centro uma escadaria de acesso ao andar nobre, com alpendre. A fachada posterior possui uma loggia, sustentada por colunas toscanas, e um painel de azulejos com a figura de São Miguel.
A divisão interna da casa faz-se segundo os pressupostos tratadísticos da época. O piso inferior destinava-se a áreas de serviço, como as arrecadações, cozinha e adega, e o piso superior à zona de habitação. O andar nobre da casa de São Miguel possui um átrio interior, que faz a ligação entre as salas da casa, comunicantes entre si.
A propriedade é delimitada por um muro com portão nobre, encimado pelas armas da família proprietária e inclui um espaço de jardim.
O morgadio da Casa de São Miguel foi instituído na segunda metade do século XVIII por Manuel da Mesquita Cardoso do Amaral, permanecendo na posse dos seus descendentes até à actualidade.
Catarina Oliveira
IPPAR/2005
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73770) |