Nota Histórico-Artistica: |
Situada a pouco menos de um quilómetro da povoação de Vilela, a Casa que lhe deve a sua designação, encontra-se implantada numa encosta suave, com terrenos cultivados com vinha e floresta. São muitos poucas as informações conhecidas sobre os proprietários, e as sucessivas campanhas de obras de que o imóvel foi alvo ao longo dos tempos. Sabemos, apenas, que a partir de 1742, data do casamento entre José de Sousa de Carvalho (Sargento-Mór de Lamego) e D. Francisca Maria Vidigal, Senhora da Casa da Vilela, o edifício foi objecto de alterações arquitectónicas, entre as quais deve ser incluída a fachada principal, com o brasão de armas dos Sousa (do Prado). O tecto em caixotões do denominado Salão de Baile, com o brasão dos Sousa, é mais tardio, pois corresponde a descrição da carta de armas concedida a José de Sousa de Carvalho pela Rainha D. Maria I, em 1788.
A existência de uma edificação anterior é corroborado por um série de elementos que subsistiram e foram integrados nas obras setecentistas, entre os quais os pilares de castanho do piso térreo. É, também, o caso da ala Sul, que se pensa corresponder ao imóvel original, que deveria apresentar uma planta em L, fazendo destacar a varanda. Nesta área, conserva-se um cachorro de cantaria, na separação da cozinha e da sala de jantar. Por sua vez, os muros altos do jardim podem ser considerados vestígios de construções abertas para o pátio (IPPAR/DRC, Processo de Classificação). Ainda no alçado Oeste, a inexistência da cornija num dos extremos deverá corresponder à zona mais antiga, tal como o nicho de cantaria que se abre no alçado, datável do século XVI ou XVII.
A Casa da Vilela desenvolve-se numa planta quadrangular, com dois pisos, o primeiro correspondente aos serviços e o segundo a habitação, e um pátio interno de paredes semicirculares, pouco comum nestas edificações. A fachada principal, é aberta por um conjunto de janelas de linhas rectas no andar nobre, equivalentes aos vãos do piso térreo. A porta principal, que não corresponde ao eixo do alçado, coincide com o brasão de armas, que faz elevar a linha da cornija, formando um semicírculo, que lhe confere maior notoriedade. A fachada destaca-se ainda, pelo fogaréu e pelo pendão de cantaria, que, no interior, assinalam o espaço da capela.
Na fachada Norte, ganham especial relevância os dois contrafortes encimados por volutas, e o alçado Sul é percorrido por uma varanda, que engloba os dois corpos das extremidades.
O pátio interno apresenta uma escadaria iniciada num patamar que se divide em dois lanços, conduzindo a duas portas idênticas, abertas nos cantos curvos deste espaço, que inclui duas janelas também curvas.
No interior, destaca-se a capela, com retábulo de madeira do século XVIII e o salão de baile, com tecto de caixotões brasonado. Ao nível do piso térreo, merece especial atenção o átrio, com um arco abatido, e a zona da adega, numa cota mais baixa, que corresponde à zona Norte da Casa, e com dois arcos abatidos que sustentam o travejamento de vigas de madeira do andar nobre (IPPAR/DRC, Processo de Classificação).
(Rosário Carvalho)
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=155966) |