Nota Histórico-Artistica: |
Dedicada a Santo Isidoro, a igreja paroquial de Cavernães, tal como hoje a conhecemos, resulta de uma campanha de renovação, ocorrida no decorrer do século XVIII e que, muito possivelmente, foi responsável pela ampliação do templo primitivo, quinhentista, do qual se conservam alguns elementos. Entre estes, ganham especial importância as duas pinturas integradas no retábulo setecentista, representando São Vicente e Santo António, executadas cerca de 1550 pelo pintor vienense António Vaz.
De planta longitudinal, a igreja articula nave única com capela-mor, ambas rectangulares, a que se acrescenta um corpo lateral correspondente a sacristia e a torre sineira. A fachada principal, em empena, divide-se em três panos, sendo os laterais mais baixos e o central aberto pelo portal em arco de volta perfeita. No mesmo eixo, encontra-se o amplo janelão do coro e, sobre este, uma mísula onde deveria figurar uma imagem, com certeza do padroeiro. Num plano ligeiramente recuado, ergue-se a torre, aberta no primeiro e segundo registo por uma janela, e no terceiro pela sineira em arco de volta perfeita, sendo rematada por coruchéus, com pináculos nos cunhais.
O interior do templo contrasta vivamente com a depuração da arquitectura exterior. A nave é coberta por um tecto de 63 caixotões, com molduras pintadas a imitar marmoreados, e representações de santos. Este conjunto prolonga-se pelo coro alto, embora as duas últimas fiadas sejam de fabrico recente, correspondendo a uma ampliação do espaço.
O arco triunfal, de volta perfeita, apresenta dois altares colaterais, de talha dourada policromada, ligados entre si por uma estrutura idêntica, com quatro arquivoltas, que envolvem o arco. Sobre este, encontra-se, ainda, um tríptico setecentista alusivo ao Calvário, com a representação de Nossa Senhora, de Jesus Crucificado e de São João.
Na capela-mor, o tecto seccionado por 28 caixotões, segue um modelo semelhante ao da nave, com representações de santos, mas apresentando um esquema iconográfico onde surge, no centro da composição, Santo Isidoro, orago do templo, figurando, nos extremos, os quatro Evangelistas.
O retábulo-mor barroco, de talha dourada e policromada, rematado por três arquivoltas, abre-se numa ampla tribuna com trono de três andares. As tábuas quinhentistas, que devem ter pertencido ao anterior retábulo, foram integradas neste conjunto, e descobertas por Luís Reis Santos, que as atribuiu a António Vaz, pintor que foi discípulo de Vasco Fernandes, aprendendo na sua oficina o vocabulário classicista que aqui observamos.
Se em termos arquitectónicos a igreja se pauta por uma grande depuração, pouco havendo a assinalar, a sua importância é manifesta ao nível do património integrado ou imóvel por destino que se encontra no seu interior, onde se destacam as pinturas quinhentistas.
(Rosário Carvalho)
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=155968. Imagem captada em abril 2024 @Google) |