Nota Histórico-Artistica: |
A capela de São Sebastião existia desde o século XVI, no local que hoje corresponde à implantação dos Paços do Concelho. Actualmente, encontra-se no Cimo da Vila, para onde foi transferida em 1860.
São escassas as informações referentes a esta capela, embora tenha sido alvo de devoções particulares, como foi o caso do padre Sebastião Vieira, o mártir jesuíta (martirizado no Japão, em 1634) que aqui criou um vínculo, para que fosse celebrada uma missa todos os dias (CARVALHO, 1986).
Da obra quinhentista que, muito possivelmente, lhe deu origem, nada resta, uma vez que o edifício foi reconstruído em data próxima ao ano de 1713, por iniciativa do abade João de Moura Andrade (CORREIA, ALVES, VAZ, 1995, p. 246). Uma campanha de obras que conferiu ao edifício o aspecto de grande austeridade, de características maneiristas, que prima pela ausência de decoração. Este rigor arquitectónico encontra uma fraca atenuante na sineira, sobre a parede do lado do Evangelho, e nos altos pináculos que rematam os cunhais.
Contudo, ao entrar na capela, a imagem de austeridade desaparece, para dar lugar a um espaço determinado pela talha, dourada e policromada, patente no tecto em caixotões, e no retábulo-mor. O primeiro ocupa a totalidade do tecto, em 40 caixotões, prolongando o seu efeito visual através do altar principal, com o qual estabelece uma solução de continuidade, dada a inexistência de capela-mor. Os motivos decorativos esculpidos representam, entre outros, folhas de acanto, ou florões, numa linguagem que se integra no denominado estilo nacional, ou barroco pleno.
Por sua vez, o retábulo do altar, da mesma época e gosto, exibe quatro colunas salomónicas de cada lado da tribuna, que se prolongam em arcos concêntricos. O dourado é complementado pela policromia, acentuando o sentido decorativo da composição. O altar exibe uma pintura a imitar um frontal, e do lado do Evangelho encontra-se a porta de acesso à sacristia, cuja estrutura e composição, igualmente em talha, se enquadra no conjunto do retábulo, encontrando-se perfeitamente dissimulada.
Ao contrário do que sucedia com tantas outras capelas existentes em Castro Daire, e mencionadas pelo menos desde o século XVIII, a de São Sebastião era administrada pelo povo, o que deverá justificar a austeridade da arquitectura, motivada pela importância do espaço litúrgico, em detrimento do expressão e visibilidade exterior.
(Rosário Carvalho)
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73776) |