Nota Histórico-Artistica: |
A antiquíssima povoação de Roção (ou Rossão) estava despovoada quando foi integrada no julgado e paróquia de S. Martinho de Mouros pelo rei leonês D. Fernando Magno, em meados do século XI, e assim permanecia no segundo quartel do século XII, quando a doou ao seu aio D. Egas Moniz, tenente de Lamego, juntamente com seis outras vilas rurais, constituídas em honras. Após a morte deste, parte do território de Roção passou para a Coroa, e outra parte para D. Múnio ou Mónio Ermiges, abade do mosteiro de Paço de Sousa, e neto de Egas Moniz. D. Afonso Henriques entregou a sua parte, em 1155, ao mosteiro de Salzedas, que veio a comprar a outra em 1172. As honras passaram a constituir um único município, que no segundo quartel do séc. XIV se uniu ao julgado de Britiande, recebendo o raro e privilegiado estatuo de beetria, terra à qual era concedido o direito de eleger os seus próprios regedores. O último destes foi Martim Vasques da Cunha, alcaide de Trancoso, que se passou para Castela em 1395. D. João I confiscou então todos os seus bens, incluindo as beetrias de Britiande, que se dispersaram: algumas foram integradas em concelhos vizinhos, outras permaneceram nas mesmas circunstâncias, e outras ainda, como Roção, formaram concelhos por si, ainda que sem foral atribuído. O pequeno concelho de Roção foi extinto em 1834, e anexado às vizinhas freguesias de Gosende e Campo Benfeito, constituindo uma só freguesia integrada em Castro Daire.
O lugar de Roção conserva ainda parte de um singelo pelourinho, que em tempos terá sido o símbolo da antiga autonomia local. Ergue-se num quintal particular cercado por muro, entre casebres muito rústicos. Assenta numa base circular muito desgastada, semelhante a uma mó de moinho, à qual se fixa por meio de um espigão que a atravessa e se enterra no solo. O pelourinho é constituído apenas por uma coluna, com fuste de secção octogonal resultante do chanframento dos ângulos de um pilar quadrangular, que conserva esta secção na base e topo. Deste eleva-se um ferro grosso e alto, moderno, que já serviu de antena de rádio e pau de bandeira (E. B. de Ataíde MALAFAIA, 1997, p. 345).
Outros pelourinhos no concelho, e particularmente no distrito de Viseu, apresentam colunas semelhantes, inclusivamente pela sua singeleza e carácter rude, presumindo-se que a maioria date do século XVII. Destaca-se o de Campo Benfeito, por ser localidade vizinha, que tem inscrita no remate a data de 1731, sendo portanto ainda mais tardio. Desta forma, não podemos defender que o pelourinho de Roção seja um exemplar dos séculos XV ou XVI, como por vezes se encontra referido. SML
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=74854) |