Nota Histórico-Artistica: |
Dedicada a São Tiago, a igreja matriz de Carvalhais que hoje conhecemos foi edificada no século XVIII, sobre uma outra, então muito arruinada e de origem medieval. Assim o refere a inscrição da fachada - Novum Ex Ruinozo Templum -, onde se evidencia ainda o cónego que dirigiu as obras - António de Correia de Bulhões e Vasconcelos. Este nome está presente noutras inscrições do interior do templo, no contexto da sua reconstrução, mas em data bastante mais avançada relativamente à de 1721 que deverá datar a fachada e, certamente, a conclusão dos trabalhos de arquitectura. Por sua vez, na sacristia surge um outro ano, o de 1718, que poderia corresponder ao início da obra.
A fachada, com pilastras coroadas por pináculos nos cunhais, é marcada pela abertura de um arco abatido formando uma pequena galilé. Sobre esta abre-se a janela do coro e já sobre a cornija ergue-se a torre, flanqueada por volutas e rasgada por um nicho com a imagem de São Tiago e a sineira.
No interior, de nave única com dois púlpitos e coro alto, o tecto é de madeira em caixotões não pintados. No transepto, saliente, encontram-se quatro capelas com retábulos de talha dourada. A capela-mor exibe um interessante retábulo com tribuna oval e nos intercolúnios as imagens de São Tiago e Santo António.
As inscrições presentes no espaço da igreja e alguma documentação permitem apontar uma datação aproximada para boa parte destes trabalhos. As capelas porque apresentam uma inscrição com o nome do antigo cónego e a data de 1743 por muitos apontada como a da inauguração do templo. Uma outra inscrição, em português, refere que a 25 de Julho de 1743, dia de São Tiago, foi celebrada "missa de pontifical e pregou um panegírico do mesmo Santo (...) sendo abade o D. António Correia de Bulhões Vasconcelos", facto que corrobora a ideia de abertura oficial ao culto da igreja (cf. Margarida Azevedo, José Manuel M. Santos, http://www.carvalhais.net/patrimonio/pat_igreja.htm, em 5 de Junho de 2006).
Por sua vez, os livros de assento de óbito permitem identificar alguns dos entalhadores que aqui trabalharam: os caixotões da nave foram executados sob a orientação de Domingos de Azevedo, do Mundão, falecido em 1731, e alguns dos retábulos devem-se ao entalhador bracarense André Carneiro, sepultado na igreja em 1736 (IDEM).
Assim, percebemos que a década de 1730 foi consagrada à campanha decorativa do interior do templo, processo moroso talvez devido a dificuldades financeiras, e que estaria concluído, muito possivelmente, em 1743, como se depreende pelo grande destaque que se confere à celebração deste ano no dia de São Tiago.
(Rosário Carvalho)
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=155868. Imagem captada em abril 2024 @Google) |