Nota Histórico-Artistica: |
𝗦𝗶́𝘁𝗶𝗼:
É no fundo poente do monte da Senhora do Castelo, em Mangualde, que se localiza o Sítio Arqueológico da Raposeira, o mais importante do concelho.
O monte terá albergado um povoado amuralhado em época proto-histórica, mantendo-se habitado durante a época romana. O sítio classificado consiste num conjunto de estruturas e vestígios arqueológicos correspondentes a uma mansio romana de grandes dimensões, com ocupação datável entre o final do século I a.C. e o início do século V d.C. Para além do espaço habitacional, definido por compartimentos pavimentados a tijoleira e granito, e delimitados por muros, a estação integra diversas construções complementares, incluindo um pátio com latrina, um complexo termal privado, com hipocausto assente em pilares monolíticos de granito e respetiva rede de saneamento e abastecimento de água, um núcleo agrícola com celeiros e armazéns, e uma possível oficina de ferreiro. No recinto foram exumados, entre outros, inúmeros fragmentos de vidro e cerâmica autóctone e de importação, bem como um importante conjunto de moedas da dinastia dos Antoninos.
𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮:
Foi em 1889 que Alberto Osório de Castro descobriu, com base em indicações de locais, uma "citânia" na Quinta da Raposeira. Escavações posteriores puseram a descoberto "(¿) três salas de um hypocausto, um cunhal de habitação, encanamentos de pedra e chumbo, calçadas de pedra rolada, um segmento de grande muco circular, e um edifício dividido em pequenos cubículos, afora fragmentos inumeráveis de louçaria indígena e de importação (¿)." (CASTRO, A. Osório de, 1890, p. 1).
Contudo, os trabalhos no local seriam interrompidos até finais do século XX, quando a Associação Cultural Azurara da Beira, com o apoio da CM Mangualde, retomou as escavações no local em 1984, começando a pôr a descoberto as actuais ruínas, e dando assim um importante passo na valorização do sítio.
Em 2011, sob os auspícios da autarquia mangualdense, as ruínas foram alvo de uma intervenção de requalificação e valorização. Graças aos trabalhos, desenvolveram-se novos estudos do local, que trouxeram resultados significativos e permitiram uma nova interpretação.
Não sendo inequivocamente esclarecedores, os achados arqueológicos baseados na tipologia arquitectónica e aliados ao local da implantação do sítio - localizado junto ao cruzamento de duas vias imperiais importantes - permitem encarar o sítio da Quinta da Raposeira como uma mansio ou mutatio. Esta funcionalidade, não excluindo liminarmente outra qualquer interpretação, nomeadamente a que considerava que o sítio correspondia a uma villa, surge como a mais plausível, de acordo com Pedro C. Carvalho, que considera que é "(¿) provável que este lugar corresponda ao que os Romanos designavam de mansio ou mutatio, ou seja (¿) uma estalagem romana, de natureza pública ou oficial, situada junto ao cruzamento de duas importantes estradas imperiais. (...) Tratar-se-ia, portanto, de uma estação de muda que prestava apoio, sobretudo, aos correios e transportes da administração imperial que circulavam pelo cursus publicus." (CARVALHO, Pedro C, et. al., 2014, p. 17).Catarina Oliveira
DGPC, 2021 com a colaboração de António Tavares, Câmara Municipal de Mangualde
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=74528) |
Diploma de Classificação: |
Declaração de retificação n.º 1037/2014, DR, 2.ª série, n.º 197, de 13-10-2014 (retificou a designação da União das Freguesias) (ver Declaração) / Portaria n.º 645/2014, DR, 2.ª série, n.º 148, de 4-08-2014 |