Palácio dos Condes de Anadia, constituído pelo palácio, jardins, quinta e mata anexa

Designação
Designação: Palácio dos Condes de Anadia, constituído pelo palácio, jardins, quinta e mata anexa
Localização
Distrito: Viseu
Concelho: Mangualde
Freguesia: Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta
Morada: Avenida da Liberdade
Georreferenciação: Latitude: 40.604413 / Longitude: -7.765342
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica: Pertença da família Paes do Amaral, desde o século XVII, a capela e morgadio de São Bernardo foram legados por testamento de Gaspar Paes de Amaral, capitão-mor da vila e concelho de Azurara da Beira (nome pelo qual era designada, até ao final do século XVIII, a localidade de Mangualde) a seu sobrinho Miguel Paes do Amaral, que lhe sucedeu ao no cargo referido, acumulando-o com o de familiar do Santo Ofício, fidalgo d'el Rei e cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis (ALVES, 1972, p. 78). Este último foi o responsável pelo alargamento da propriedade, através da aquisição das casas da Câmara, da cadeia e outras casas particulares, e pela reconstrução da capela, o que ocorreu em 1683. É a estas edificações que corresponde o Palácio que hoje observamos, construído por iniciativa de Miguel Paes, mas cujas obras se prolongaram até ao século XIX, época em que ficou concluída a decoração do interior do solar e da capela. Nesta medida, o Palácio Anadia insere-se no quadro da arquitectura civil rococó, apesar de ser ainda muito devedora dos modelos do barroco nortenho de influência nasoniana. Trata-se de um solar por muitos considerado como uma das mais "sumptuosas residências fidalgas da província da Beira Alta" (ALVES, 1972, p. 77), facto que se compreende se tomarmos em consideração a importância e prestígio da família (que entretanto reunira a Casa de Mangualde com a de Anadia), cujo nome se liga ao de tantas outras instituições da vila (como o Santuário de Nossa Senhora do Castelo ou da Misericórdia, entre outras). Nesta medida, e acentuando a relevância do Solar, aqui trabalharam artistas nacionais e estrangeiros, e muito embora se desconheça o autor do projecto arquitectónico, este tem vindo a ser aproximado à obra de Gaspar Ferreira, e não deixa de ser interessante verificar que o mesmo metre trabalhou na igreja da Misericórdia quando era reitor da confraria Simão Paes de Amaral. Por seu turno, a modelação dos elementos decorativos dos diferentes vãos recordam outras composições de António Mendes Coutinho, discípulo de Nicolau Nasoni, oriundo de Lamego (ALVES, 1972, p. 80). As fachadas são todas distintas entre si, destacando-se a principal e a sul. A primeira, denota a já referida influência das casas do Norte, no portal central com a varanda superior (AZEVEDO, 1969, p. 88). A segunda ganha especial relevância devido à dupla escadaria semi-circular, atribuída a António Mendes Coutinho, e à loggia que se lhe sobrepõe. A capela de São Bernardo, no eixo da frontaria, apresenta portal com frontão, janelão sobreposto e remate em platibanda recta. A última intervenção sofrida remonta à segunda década do século XIX, mas é possível que o arquitecto José do Couto tenha realizado alguma obra em 1824 (ANACLETO, 2002, p. 202). O retábulo é o original e o tecto em estuque recorda outras obras de Luigi Chiari (ALVES, 1972, p. 88). O interior do palácio apresenta um vasto e significativo conjunto de silhares de azulejo. Os do átrio, representando episódios mitológicos, são datados de cerca de 1740 e, muito possivelmente de origem coimbrã, encontrando-se atribuídos a Sousa Carvalho (SIMÕES, ). O conjunto da Sala Nobre, da mesma época e autor, exibe as quatro partes do mundo. Por sua vez, os azulejos do Salão de Baile que ilustram o "Mundo ás avessas", são já da segunda metade do século XVIII, e baseados em gravuras de Oudry. Por fim, importa referir a colecção de mobiliário, pinturas e gravuras, entre as quais ganha especial interesse a mesa da Sala Nobre com tampo de embutidos marmóreos, executada por Leoni em 1673, e o mobiliário da Sala de Música, com chinoiseries. No campo da pintura, o retrato de Simão Paes do Amaral (10º Senhor da Casa de Mangualde), executado por Pelllegrini em 1806 é, sem dúvida, uma das obras mais significativas. (Rosário Carvalho) (Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=74602. Imagem captada em abril 2024 @Google)
Proteção
Situação: Classificado como CIP - Conjunto de Interesse Público
Diploma de Classificação: Portaria n.º 23/2014, DR, 2.ª série, n.º 7, de 10-01-2014 (sem restrições) (ampliou a classificação, alterou a designação e alterou a categoria de classificação para CIP)
Diploma Zona Especial de Proteção (ZEP):