Nota Histórico-Artistica: |
O solar encontra-se implantado no cruzamento de diversas vias, salientando-se pela fachada monumental, com capela numa das extremidades. A sua construção remonta ao último quartel do século XVIII, inscrevendo-se no contexto da arquitectura civil de Setecentos, mas destacando-se pelo dinamismo criado pela escadaria que antecede a fachada principal. De acordo com os dados disponíveis, sabe-se que, em 1785, o seu proprietário, João Baptista Pimenta Correia, pediu autorização ao cabido da Sé de Viseu para a construção da capela (SILVA, vol. 5, p. 167). Pelo mesmo documento se percebe que o solar tinha sido objecto de uma campanha de obras recente, responsável pela remodelação das casas aí existente anteriormente (IDEM). Sobre estas e os seus proprietários pouco mais se conhece, pois apenas a documentação apenas refere que a instituição do Morgado se deve a Tomás Marques Pimenta e sua mulher Âgueda Correia, pais de João Baptista Pimenta Correia, o primeiro administrador do Morgado de Vilar de Besteiros (IDEM, p. 168).
O alçado é seccionado por pilastras coroadas por urnas, que definem o pano da casa de habitação e o pano da capela. No primeiro caso, o piso térreo é marcado pela abertura de vãos de verga curva, simétricos com os do andar nobre, de configuração semelhante. Ao centro, um frontão em arco conopial remata o portal, ao qual se acede através da escadaria de lanços e patamares, com guarda de balaustres em cantaria. A cornija eleva-se sobre este eixo, formando um frontão que acompanha o arco conopial da porta principal.
A capela, com frontão de lanços contracurvados formado por volutas, eleva-se bem acima da linha do telhado e do próprio frontão da casa. O portal, de moldura recortada e frontão de aletas é encimado por janelão e pelo brasão da família. Este, de difícil leitura, deverá corresponder ao que foi concedido a João Baptista Pimenta Correia por carta de 16 de junho de 1787. Contrariamente ao que é habitual, as armas encontram-se na fachada da capela e não no edifício habitacional, facto que pode ser relacionado com a imagem de prestígio e poder que os proprietários pretendiam transmitir e que ganharia maior enfoque se a capela fosse aberta à população, o que certamente acontecia.
Na fachada posterior e na lateral há ainda a destacar uma varanda corrida e uma outra alpendrada, assente sobre arcos de volta perfeita e delimitada por pilastras.
(Rosário Carvalho)
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=72113) |