Nota Histórico-Artistica: |
𝗦𝗶́𝘁𝗶𝗼:
O Castro de Nandufe implanta-se num esporão, a cerca de 309 m de altitude, circundado pelo Rio Dinha, sensivelmente 500 metros a nordeste da povoação de Nandufe, no concelho de Tondela.
Localiza-se nos limites das civitates de Bobadela e Viseu, junto a uma via romana. Os dados relativos à parca investigação realizada até à data indicam tratar-se de um povoado fortificado, com uma ocupação centrada nos séculos I e II d.C., sobreposta a contextos mais antigos, atribuídos ao Neolítico. António Almiro do Vale, numa comunicação publicada em 1931, indica a recolha de um biface, dois machados e um fragmento de sílex que associou a diversas fossas dispostas na base da vertente norte, destacando uma de planta circular, com uma depressão central colocada na base, escavada no substrato rochoso, cerca de 4 metros acima do córrego do rio. Atingia 1,20 metros de altura e 0,80 metros de diâmetro. De acordo com o autor, fariam parte de engenhos semelhantes a um maço cuja função seria a moagem de cereais. Por sua vez, o povoado sidérico dispunha de, pelo menos, uma muralha, da qual ainda se preservam alguns troços, assim como, blocos de granito de grandes dimensões dispersos pelas encostas. De acordo com João Machado Inês Vaz, esta apenas teria sido erguida nas encostas voltadas para o rio Dinha e coloca a hipótese da ocupação deste espaço apenas remontar ao principado de Cláudio.
As escavações efetuadas assinalaram a presença de alicerces de habitações e abundante espólio que terá sido depositado no Museu Machado de Castro.
As fontes disponíveis indicam a recolha de dezenas de numismas da época romana imperial, que abrangem os principados de Cláudio a Adriano, cerâmica de construção, nomeadamente tegulae e imbrices, pesos de tear, mós, assim como, dois fragmentos de sigillata, com cronologias balizadas entre a segunda metade do século I e o século II d.C..
𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮:
A mais antiga referência aos vestígios arqueológicos de Nandufe data de 1758, relatada por António João de Bastos, pároco da freguesia. Atribuiu aos Mouros, sustentado por diversas lendas locais, as evidências presentes no local chamado Castro. Refere ainda a reutilização dos elementos pétreos na edificação de casas nas povoações mais próximas.
A única campanha de escavações arqueológicas executada no local decorreu sob a direção cientifica de António Almiro do Vale, médico natural de Nandufe, possivelmente em redor dos anos 20 do século passado, que resultou na recolha de espólio, atualmente desaparecido, e na divulgação de alguns dados no XV ? Congrès Internacional d'Anthropologie et D'Archéologie Préhistorique, decorrido em Paris, no ano de 1931.
Ana Vale
DGPC, 2019
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73145) |