Nota Histórico-Artistica: |
Edificado na primeira metade do século XIX, o solar Abreu Madeira é um imóvel de linguagem ecléctica (com elementos arquitectónicos inspirados em épocas diferenciadas) que se desenvolve em planta rectangular, destacando-se pela sua longa fachada seccionada por pilastras e com as extremidades marcadas pela torre e pela capela, esta última retirada da casa do Cruzeiro em meados do século XIX.
Uma observação mais atenta deste alçado revela um plano simétrico que parece não ter sido cumprido, pois em cada uma das extremidades deveria elevar-se uma torre, o que apenas acontece à esquerda, ficando à direita apenas a sua base, sem o terceiro piso. Definida por pilastras nos cunhais, a torre exibe um friso a separar os registos, com porta de verga curva no piso térreo, janela geminada no intermédio e janela de verga curva no terceiro, sendo rematada por ameias. O alçado da casa apresenta um ritmo regular na abertura dos vãos de ambos os pisos, apenas interrompido pelo pano central, coroado por frontão triangular que se ergue bem acima da linha do telhado e em cujo tímpano são exibidas as armas dos Abreu da Gama. Entre o corpo seguinte e a capela, um outro pano idêntico ao da torre sugere a falta de simetria já referida, faltando o registo superior e o coroamento ameado.
A capela, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, foi mandada executar em 1699 por Simão Coelho do Amaral, cuja família era proprietária da Casa do Cruzeiro, onde a capela se encontrava. Quando um seu descendente, António Abreu da Gama, casou com Maria da Piedade Madeira e ficou na posse das duas casas optou por deslocar a capela de Nossa Senhora da Conceição anexando-a à casa dos Abreu Madeira, onde ainda hoje se encontra. A sua fachada, com pilastras nos cunhais, é marcada pela abertura do portal maneirista, de linhas rectas com duplas pilastras, encimadas por pináculos a enquadrar um nicho. Termina em frontão triangular, com pináculos no prolongamento dos cunhais. No interior, ganha especial destaque o retábulo de talha dourada de transição do maneirismo para o proto-barroco do reinado de D. Pedro II (ALVES, 1995, p. 265). Conserva-se ainda a pintura e a imagem de Nossa Senhora. Uma nota final para a capela-mor, coberta por abóbada de caixotões de mármore.
Actualmente, e desde 1987, o Solar funciona como Turismo de Habitação.
(Rosário Carvalho)
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73160. Imagem captada em abril 2024 @Google) |