Nota Histórico-Artistica: |
𝗜𝗺𝗼́𝘃𝗲𝗹
Localizada junto aos rios Dão e Mondego, na freguesia de Canas de Senhorim, a Quinta da Vitória corresponde a um conjunto edificado dividido em dois núcleos distintos, que distam cerca de 150 metros, ligando-se pelo caminho que percorre todo o interior da cerca da propriedade.
O primeiro núcleo é composto pela casa principal, com jardins nivelados, um pequeno lago artificial, garagem, piscina e respetivo anexo. O segundo núcleo abrange a designada casa do caseiro e um depósito para lenha.
A casa principal apresenta uma estrutura-modelo que mistura o granito característico da zona com os elementos típicos da Casa Portuguesa, como a cobertura em telha com beiral e parte da fachada pintada de branco, conservando a essência da sua estrutura original, com porta de moldura simples encimada por arco, chaminé, varanda "beirã" e alpendre.
A casa do caseiro recria a arquitetura típica das Beiras, composta por dois pisos, o térreo com curral e lagar, o superior destinado à cozinha e quartos, possuindo também um alpendre.
𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮
A Quinta da Vitória foi construída na década de 30 do século XX, situando-se a poucos quilómetros do Hotel da Urgeiriça, uma estância de veraneio muito procurada à época. O proprietário, Dr. Morgado, natural do Porto, decidiu adquirir os terrenos nas cercanias do hotel, para edificar uma casa de férias, à qual deu o nome da mulher.
O projeto da quinta foi executado pelo arquiteto Leonardo R. C. de Castro Freire, que nas décadas seguintes viria a realizar diversas obras, nomeadamente o Cinema Palácio, em Viana do Castelo, o Posto Fronteiriço de Vilar Formoso, o Tribunal de Pombal, e um aglomerado de prédios na Avenida Estados Unidos da América, em Lisboa, pelo qual viria a receber o Prémio Valmor em 1970.
Esta casa de veraneio apresenta um gosto muito em voga na primeira metade do século XX em Portugal, recriando os modelos tradicionais da Casa Portuguesa e adaptando-os a uma tipologia mais rural, à semelhança do que acontecia com as Pousadas Regionais construídas na época por ordem de António Ferro, que eram desenhadas de forma a identificarem-se com o "estilo" de cada região (FERNANDES: 2003, p. 62).
Depois de ter mudado de proprietários por duas vezes, a Quinta da Vitória foi votada ao abandono depois de 1975, o que contribuiu para a ruína de parte da estrutura interior.
Atualmente, António Augusto Dias de Oliveira é o dono do imóvel, tendo apresentado, em 2003, a proposta de classificação da quinta, então muito deteriorada, tendo como objetivo recuperar o espaço e transformá-lo numa unidade de turismo rural.
O imóvel foi classificado como de interesse municipal em 2007.
Catarina Oliveira
DGPC, 2019
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=11114259) |