Nota Histórico-Artistica: |
Imóvel
Localizado no centro da povoação com que partilha a mesma toponímia, o Balneário Termal das Caldas da Felgueira corresponde ao edifício original das termas da Felgueira, erigido em finais do século XIX junto à nascente do Vale de Madeiros, e destinada a doenças de pele.
O edifício original foi profundamente transformado por obras de renovação realizadas na década de 90 do século XX. O projeto implicou a total demolição do espaço interior, no intuito de ampliar e modernizar a área de tratamentos, mantendo apenas as fachadas.
Os frontispícios mantêm o traçado de gosto revivalista, marcado por ameias de coroamento das estruturas e pelo aparelho de pedra de corte geométrico, que recria o rusticado da arquitetura classicista, nos cunhais do edifício e nas molduras de portas e janelas.
Originalmente, o edifício desenvolvia-se numa planta simétrica dividida em três corpos, um central e dois laterais, cuja disposição apresentava uma notória distinção do estatuto social dos utentes, já que existiam "entradas distintas para cada estatuto social" (Coimbra: 2012, p. 74). Integrava uma torre central de três pisos, com depósito de água, e os dois corpos laterais de dois registos, com espaços para homens e senhoras, escritórios para serviços e gabinetes do pessoal médico, e os espaços dos banhos, com banheiras e duches, divididos por cinco classes.
História
A nascente da Felgueira foi citada pela primeira vez nas Memórias Paroquiais de 1758 que, apesar de não fazerem menção à povoação, referiam uma "nascente quente e sulfúrica no limite do lugar de Vale de Madeiros".
Porém, somente no início do século XIX é que as águas começaram a ser aplicadas no tratamento de doentes que sofriam de males de pele, levando consequentemente à edificação das primeiras casas em torno do manancial.
Depois de feitas algumas análises à qualidade das águas, estas foram reconhecidas na Exposição Universal de Paris de 1867, sendo comprovado que, para além das afeções da pele, as mesmas beneficiavam a cura de doenças musculares, do aparelho respiratório e do aparelho circulatório.
No ano de 1882 foi constituída a Companhia das Águas Medicinais da Felgueira, para a exploração do local, datando de 1883 as primeiras plantas do projeto do Balneário, assinada pelo arquiteto Rodrigo Maria Berquó, autor dos Pavilhões do Parque das Caldas da Rainha.
A partir de 1886 a Companhia das Águas Medicinais da Felgueira passava a designar-se Nova Companhia do Grande Hotel Club das Caldas da Felgueira, tendo sido então edificado o Grande Hotel das Caldas da Felgueira.
Em 1995 a empresa proprietária iniciou as obras de remodelação das termas, optando por destruir o interior do edifício projetado por Berquó, para que o espaço original do Balneário pudesse ser ampliado e adaptado a novas tecnologias, mantendo apenas as fachadas exteriores e respetiva fenestração.
O imóvel foi classificado como de interesse municipal em 2018.
Catarina Oliveira
DGPC, 2018
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=11129562) |