Nota Histórico-Artistica: |
Edificada na segunda metade do século XVIII, a Casa Grande de Oliveira do Conde pertenceu, já na centúria de Oitocentos (1878), ao 1º Visconde de Oliveira do Conde, Miguel Borges de Castro Tavares de Azevedo, que aqui habitou com sua mulher, Ana Soares de Albergaria. Esta, pertencia à importante família cujo Solar e respectivos jardins se situavam na mesma rua, sendo mesmo possível que a Casa Grande tenha pertencido, anteriormente, aos Soares de Albergaria.
À semelhança do que acontecia com grande parte das casas nobres edificadas em Portugal no século XVIII, principalmente a nível regional, os imóveis desenvolviam-se em comprimento, através de longas fachadas, de grande unidade, com muitos vãos de disposição simétrica e ritmo convergente no portal principal, ao centro. Na realidade, mais do que tirar partido de uma planta dinâmica, a arquitectura setecentista confinou-se à animação plástica das fachadas, onde não deixava de estar presente o brasão dos proprietários, símbolo do poder e do prestígio que se pretendia transmitir.
Todas estas características estão presentes na Casa Grande, dividindo-se, a frontaria, em três secções formadas por pilastras - um corpo central e dois laterais, mais reduzidos, correspondendo um deles à capela.
A importância do piso nobre é evidente na decoração das janelas dos dois andares, uma vez que o superior apresenta uma série de vãos idênticos, com moldura recortada e remate em forma de concha que parece destacar-se da parede. O ritmo é interrompido, apenas, ao centro, por uma janela de sacada, que se liga à composição inferior, ou seja, ao portal principal. Este, exibe lintel contracurvado e é ladeado por dois óculos que, por sua vez, enquadram duas janelas, em que as conchas superiores são ainda mais projectadas.
A zona central do imóvel (com porta e janela de sacada), destaca-se ainda por se elevar ao nível da cornija, formando um semicírculo onde se inscreve o brasão de armas da família.
Por sua vez, os corpos laterais são idênticos, com portal encimado por frontão de volutas, interrompido por óculo quadrilobado, a que se sobrepõe uma vieira, projectada. A capela distingue-se, apenas, por exibir um frontão contracurvado coroado por uma cruz, já na zona superior à cimalha que percorre todo o edifício. No seu interior, destaca-se o retábulo-mor, de talha rococó.
A unidade decorativa deste conjunto, em que a concha desempenha um papel de grande uniformidade, é complementada pela escadaria de entrada, de fortes balaústres, a partir da qual se distribui o espaço interno.
Rosário Carvalho
(Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=72377) |