Nota Histórico-Artistica: |
O primeiro foral de Mortágua foi outorgado em 1192, pela Rainha D. Dulce, mulher de D. Sancho I, regente do reino durante a ausência do monarca. Ter-se-à seguido um segundo foral, dado por Gonçalo Anes de Sousa, senhor de Tentúgal e 3º senhor de Mortágua, em 1403, e finalmente o foral novo de D. Manuel, emitido em 1514.
O pelourinho da vila foi construído na sequência da doação de foral manuelino, e ergue-se hoje em dia a apenas alguns metros da sua implantação primitiva, num pequeno largo. Assenta num soco constituído por uma larga plataforma quadrada, que estaria originalmente enterrada, e por dois degraus quadrangulares, de aresta muito desgastada. A coluna possui uma diminuta base circular, ao modo de bocel, elevando-se com fuste liso e cilíndrico, cingido acima da sua metade por um aro de ferro, e decorado com dois estreitos aneletes, um a meio e outro a curta distância do topo. O incipiente capitel é composto por uma sucessão de molduras de distintos perfis, sendo as duas inferiores circulares e as duas superiores quadradas. Nele assenta o remate, constando de um cubo encimado por molduras circulares em patamares, com decoração vegetalista. As faces do remate estão inteiramente decoradas com motivos heráldicos, muito desgastados e praticamente ilegíveis, onde em 1940 se tentou identificar uma cruz da Ordem de Cristo, o escudo nacional, as armas municipais, e o brasão dos Sousas, donatários de Mortágua e senhores de Tentúgal (José Assis SANTOS, 1969).
O pelourinho sofreu alguns acidentes e intervenções ao longo do tempo. Em data incerta, entre os séculos XVIII e XIX, os lavores do remate foram parcialmente mutilados devido a uma tentativa de os reavivar. Na segunda metade do século XIX, o monumento foi deslocado para a sua localização actual. A pedra de remate caiu em 1911, tendo sido recolocada 15 anos mais tarde; o conjunto foi derrubado por um camião em 1935, sendo novamente levantado no ano seguinte; por fim, a Câmara Municipal procedeu à reparação da coluna, então partida, em 1947. SML |