Foi publicada no Diário da República n.º 221/2022, Série II de 2022-11-16, a Portaria n.º 795/2022 que classifica como monumento de interesse público (MIP) a Fábrica de António Estrella/Júlio Afonso, na Covilhã, União das Freguesias de Covilhã e Canhoso, concelho da Covilhã, distrito de Castelo Branco, e fixa a respetiva zona especial de proteção (ZEP).
Situada na Covilhã, coração da indústria nacional de lanifícios desde a Idade Média, e erguida sobre preexistências fabris dos séculos xvii e xviii que constituíam, provavelmente, a primeira manufatura de lã do país, a Fábrica de António Estrella remonta a 1853. O conjunto é indissociável do amplo edificado industrial da cidade, convivendo com as ribeiras da Carpinteira e da Goldra, em grande parte responsáveis pela fixação destes engenhos no local.
A fábrica, inserida nas designadas «fábricas de pisos», constitui um importante testemunho vivo desta tipologia no âmbito do património industrial português. É composta por vários edifícios distintos e articulados, alguns dos quais resultado da adaptação de estruturas anteriores, conjugados com uma propriedade agrícola e zonas de lazer que permitiam residir no local.
Embora tendo sofrido diversas adaptações ao longo dos anos, a Fábrica de António Estrella, posteriormente adquirida pelo industrial Júlio Afonso, é uma das poucas que chegaram intactas até aos nossos dias, tendo-se mantido em laboração contínua até 2002, conservando ainda a quase totalidade da sua maquinaria.
A classificação da Fábrica de António Estrella/Júlio Afonso reflete os critérios constantes do artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, relativos ao caráter matricial do bem, ao seu interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica e urbanística, e à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva.
A zona especial de proteção (ZEP) tem em consideração a implantação e a envolvente urbanística e paisagística do bem, situado no vale da ribeira da Carpinteira, centro da cidade da Covilhã, zona estruturadora de toda a malha urbana e da sua relação com o entorno rural.
A sua fixação visa evitar o surgimento de intervenções com impacto descontextualizador, salvaguardando a manutenção das características fundamentais do lugar e as perspetivas da sua contemplação e fruição.
No âmbito da instrução do procedimento de fixação da ZEP, a Direção-Geral do Património Cultural, em articulação com a Câmara Municipal da Covilhã, procedeu ao estudo das restrições consideradas adequadas, que obtiveram parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura e foram sujeitas a audiência dos interessados nos termos do Código do Procedimento Administrativo.
Data:
Local: Covilhã
Publicação: 18-11-2022
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