Classificação do Património SIP | Ruínas Romanas da Quinta do Ervedal
Foi publicada no Diário da República n.º 64/2023, Série II de 2023-03-30, a Portaria n.º 150/2023 que classifica como sítio de interesse público (SIP) as Ruínas Romanas da Quinta do Ervedal, no sopé da vertente sul da serra da Gardunha, próximo da ribeira de Alpreade, freguesia de Castelo Novo, concelho do Fundão, distrito de Castelo Branco.
A Quinta do Ervedal, implantada na base da vertente sul da serra da Gardunha, na proximidade da ribeira de Alpreade, constitui uma antiga exploração agrícola em cujos terrenos existem vestígios de uma ocupação romana distribuídos por uma área de cerca de dez hectares. Os dados recolhidos nas escavações arqueológicas apontam para a existência neste local de um aglomerado urbano secundário, do tipo vicus, com ocupação balizada entre o início do século i d.C. e o século vi/vii, situado na vizinhança de outros sítios arqueológicos com cronologia coeva e de vários troços das vias romanas de Alpedrinha a Castelo Novo.
A existência de uma ocupação romana na área meridional da serra da Gardunha é referida em várias publicações desde o século xviii, embora a sua localização fosse incerta. Ao longo do século xx foi exumado espólio da Idade do Bronze Final, composto por machados de talão, braceletes, lingotes e fragmentos de diversos objetos, incluindo armas e escórias, então incorporados no Museu Tavares Proença Júnior, e cerâmica atribuível ao período romano, assim como fragmentos de colunas. As campanhas mais recentes confirmaram a existência do antigo povoamento, colocando a descoberto dois complexos termais, o de menores dimensões apresentando características de uma estrutura privada, integrado numa domus, e o segundo correspondendo a um equipamento público com distintas fases de ocupação e funcionalidades, incluindo salas com piso em mosaico.
A tipologia e extensão deste aglomerado urbano, que teria assumido considerável relevância no contexto do povoamento regional de Idanha-a-Velha, a antiga Egitânia romana, faz já desta estação arqueológica um ponto de referência na arqueologia da Beira Interior, sendo expectável que a continuação das intervenções proporcione descobertas de novas estruturas e contextos.
A classificação das Ruínas Romanas da Quinta do Ervedal reflete os critérios constantes do artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, relativos ao carácter matricial do bem, ao seu interesse como testemunho notável de vivências e factos históricos, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua extensão e o que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva e à sua importância do ponto de vista da investigação histórica e científica.
No âmbito da instrução do procedimento de classificação, a Direção-Geral do Património Cultural, em articulação com a Direção Regional de Cultura do Centro e a Câmara Municipal do Fundão, procedeu ao estudo das restrições consideradas adequadas, que obtiveram parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura e foram sujeitas a audiência dos interessados nos termos do Código do Procedimento Administrativo.
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Publicação: 30-03-2023
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